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Dissecção da Aorta Ieda

Como tudo começou

Em 27/02/20 por volta de 9:30AM em um sábado pós carnaval, estava sentada jogando vídeo game e comecei a sentir uma dor na garganta (bem parecida com aquela “dor de segurar o choro”, porém mais incômoda). Levantei e fui tomar um café e comer um pão para ver se aquele “bolo na garganta” descia, mas não adiantou.

Depois de aproximadamente 1h30 a dor desceu para o peito, então chamei meu esposo e fomos para o PS do hospital São Luis Anália Franco. No caminho a dor foi se intensificando e comecei a chorar porque sentia que era algo no coração, meu esposo parou o carro uns 10 passos da entrada do PS e quando andei e dobrei a entrada.

Por volta de 12:00 (não lembro direito o horário), senti rasgar meu peito por dentro com uma dor excruciante, na hora da dor escutei os batimentos do coração na minha cabeça bem alto, encostei na parede e falei para meu marido que não conseguia andar e tudo escureceu, pareceu uma pressão na cabeça, os braços formigavam e tudo que eu olhava enxergava muito parcialmente, mais tudo embaçado, não cheguei a perder a consciência. Meu marido gritou por ajuda e o segurança do PS veio correndo com uma cadeira de rodas.

Entramos, tive que esperar pelo cadastro na recepção e então me direcionaram ao médico.

Falei ao clínico que me atendeu no Analia Franco meus sintomas, como começou a dor na garganta e desceu para o peito, que senti rasgar algo dentro do peito, a dor que senti e que foi a única vez na vida que achei que ia morrer na hora, que não enxergava ele, que meus braços estavam dormentes e estava com dor de cabeça imensa e falta de ar.

Passei a tarde no hospital tomando medicação para dor (acho que Tramal) e fazendo tomografia (sem contraste) e inclusive apareceu a dilatação da aorta.

Fui liberada pelo clínico sem nenhuma orientação de repouso, recebi apenas um encaminhamento para passar com um cardiologista assim que possível porque eu tinha uma “dilataçãozinha” na aorta e o restante dos exames de sangue estavam normais.

Saí do hospital por volta das 19h00 do sábado e fui para casa literalmente me arrastando de tão cansada.

Passei o domingo em casa, e segunda fui trabalhar no Itaim Bibi, o detalhe é que moro em Guarulhos (porque não recebi sequer um dia de atestado para repouso).

Meu esposo me deixou na metade do caminho porque eu disse que estava “bem”, apenas muito cansada e iria bem devagarzinho.

Foi o que fiz, ele me deixou na estação Tietê do metrô, andei sem pressa porque não conseguia andar no ritmo normal mesmo. Peguei o metrô, consegui sentar, fiz baldeação na Sé para ir para o terminal Bandeira, andei mais uns 1k pelo menos, peguei o ônibus e cheguei no Itaim Bibi.

Trabalhei meio período no fechamento contábil, andando pra lá e pra cá no meu novo ritmo. Falei que não me sentia bem ao chefe e ia tentar um encaixe com cardio no São Luiz itaim bibi que é bem perto do serviço, consegui para as 13h. Ou 14, não lembro. Fui andando 4 quarteirões até lá, parei 2x no caminho. Passei em consulta no cardiologista 2 dias depois da minha dor súbita de “rasgar meu peito”. Em consulta expliquei ao cardiologista que eu achei que fosse morrer mesmo há 2 dias atrás, mas o procurei porque o clínico havia encaminhado e que ainda estava muito cansada e com falta de ar para atividades básicas, tinha que andar e parar. Ele perguntou em que hospital eu passei e viu os exames do Anália Franco de sábado, me encaminhou para o PS da unidade São Luiz Itaim para mais exames e disse que dependendo do resultado, eu ficaria internada. Bingo!

Fiz os exames de TC com contraste, eco doppler, eletro e ele me internou na hora, disse que minha condição era grave e eu não iria mais andar a partir daquele momento e que eu podia ter morrido apenas de ter vindo caminhando até o hospital.

Internei dia 02/04 uma segunda feira e operei dia 03/04 em caráter de urgência. Depois fiquei 30 dias internada na UTI.

Tive uma Dissecção de Aorta Stanford A, com troca de valva aórtica (dissequei a aorta ascendente, valva aórtica, arco aórtico, torácica e abdominal), dissecando também minha carótida (que saiu obstruída da cirurgia) e subclávia esquerda (quase tive que amputar meu braço esquerdo por falta de fluxo sanguíneo) e o rim com insuficiência renal crônica por não receber sangue suficiente nestes 3 dias que fiquei sem diagnóstico.

Além do fato de que quando eu acordei após 3 dias, estávamos em pandemia global de covid-19 e fui colocada em isolamento.

Sinto uma tristeza profunda em pensar que se fosse diagnosticada corretamente dia 29/02 quando busquei o PS, o dano teria sido apenas em um local, não teria se estendido e dissecado toda minha aorta e ramos e assim o estrago teria sido bem menor.

Hoje, aos 38 anos, não poderei mais ter filhos mesmo que eu quisesse, tenho uma vida regrada e com a ansiedade lá em cima, além de pelo menos 4 remédios contínuos para o resto da vida.

Em fevereiro de 2021, após muitas dores, alterações visuais e pré síncope, tive que me submeter a nova cirurgia para enxerto subclávio-carotídeo e tentar melhorar a qualidade de vida.

Graças a Deus peguei uma equipe de cardiologia responsável e maravilhosa Dr. Januário M. De Souza e Dr. Ricardo Kazunori Katayose que foi meu cirurgião.

Sem eles, tenho certeza que no ano passado eu já não teria sobrevivido.

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“Sabe aquela dor que rasga o peito? Não, não é amor ou desilusão. Pode ser dissecção da aorta”

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